Cernache do Bonjardim
Seminário das Missões
O Real Colégio das Missões Ultramarinas
(nome original) foi mandado construir por D. João VI, através de um
decreto datado de 10 de março de 1791, com a finalidade de preparar
sacerdotes para o Grão Priorado do Crato. Por aqui passaram várias
figuras de relevo, não só da vida eclesiástica como também de
outras atividades, sendo por muitos considerado como "o mais
notável foco missionário em Portugal nos tempos modernos".
Construído em 1794, é dotado em
1801, pela rainha D. Mariana de Áustria, com uma renda para formar
padres para a China. Em 1834, D. Joaquim António de Aguiar
(conhecido por mata-frades) extinguiu as ordens religiosas e o
colégio foi encerrado.
Reabriu em 1855, sob a dependência
do então Ministério das Colónias, com a função de preparar pessoal
missionário para os territórios ultramarinos do Padroado. O novo
Colégio das Missões Ultramarinas regia-se por estatuto próprio,
fixado por Sá da Bandeira, em 12 de agosto de 1856. Nesta altura, o
edifício era composto pelo corpo frontal, com 27 quartos, e a
igreja.
A Lei da Separação do Estado da
Igreja, de 20 de abril de 1911, autorizou o governo "a reformar os
serviços do Colégio das Missões Ultramarinas, de modo que a
propaganda civilizadora nas colónias portuguesas, que haja de ser
feita por ministros da religião, se confie ao clero secular
português, especialmente preparado para esse fim em institutos do
Estado". Apesar desta disposição legal, o Colégio das Missões foi,
indevidamente, convertido em Liceu Colonial, por despacho do
Ministro das Colónias, instituição que não se destinava à
preparação de pessoal eclesiástico para as missões do Ultramar.
Durante a implantação da República,
a torre da igreja do seminário foi destruída, assim como algumas
imagens religiosas.
Em 1915, o Seminário passou a
escola secundária, mas foi extinta por decreto-lei. Dois anos
depois, a 8 de setembro, foi publicado o decreto n.º 3.352 que
acabou com o ilegal liceu e criou, por sua vez, o Instituto das
Missões Coloniais, o qual foi extinto pelo decreto nº 12.886, de 24
de dezembro de 1926, restituindo-se aos seus antigos possuidores,
os padres seculares. Em 1930, o seminário passou a integrar a
Sociedade Missionária da Boa Nova.
Além de possuir um vasto património
artístico e cultural, de onde se destacam os azulejos, que retratam
cenas de evangelização colonial, o seminário dispõe de uma
imponente biblioteca, com cerca de 7.300 obras. Nela se podem
encontrar livros encadernados em madeira, revestidos em pele e
exemplares únicos que datam dos séculos XV e XVI. Entre eles,
referência para um exemplar do dicionário "Ambrosi Calepini" que
traduz uma palavra em dez línguas.
Na igreja do seminário, merece
especial atenção o altar-mor de estilo hispano-árabe e o magnífico
órgão de fole do séc. XVIII, além de vários quadros do pintor Bento
Coelho da Silveira. Veneram-se neste templo as imagens de Nossa
Senhora da Conceição e de São João Batista.
O seminário explora também a
vertente agrícola através de uma larga produção de vinho,
comercializado sob a marca "Terras de D. Nuno".
Monumento de Interesse Público
(2015).
Coordenadas GPS:
N 39º
48'53.73"
W 8º
11'23.78"